terça-feira, 26 de setembro de 2023

Corpo fechado (Conto premiado em 1º lugar Concurso Brasil de Contos Cidade Maravilhosa.)



     De todas as histórias contadas por meu pai, algumas desengavetam retalhos de vida de um povo. No intervalo dos chimarrões degustados nas varandas de minha casa de infância, os contos de meu patriarca entram destemidos em meu ser, trazendo toda a essência de nossos antepassados. 
    Corpo fechado, meu preferido, eram repetidas contações, onde o protagonista ilustre das aventuras, seria meu avô materno, Bertulino. Homem forte, robusto, a figura do caboclo oriundo da mistura do negro, do indígena e do alemão. Era astucioso, lendário e líder de uma comunidade no interior de Santa Catarina. Um metro e noventa de homem valente, porém, inteligente e instruído pela sua companheira, a experiente Gertrudes, na época professora formada, vinda da capital, que aos seus quarenta anos encantou-se com aquele "menino caboclo" de dezoito anos. 
   Era começo do século XX, uma década e meia após uma terrível guerra na região, a famosa Guerra do Contestado, o povo ainda recolonizava e os poucos caboclos que restavam nas matas, misturavam-se a colonizadores vindos da Europa, a madeira ainda persistia, resistia, após saques das empresas estrangeiras que devastavam parte das nobres árvores que contornavam as paisagens, imbuias, pinheirais, enfim, as exuberantes relíquias de nossas terras, foram em partes saqueadas naquela época, restando assim, resquícios da fauna e da flora. 
   Mas meu avô ainda tinha esperanças na colônia, o clima era de conflitos ainda, homens faziam suas próprias leis, nas miras de seus revólveres, Colts, Winchesters, Hos, Schmidts, muitas dessas armas trazidas pelos norte-americanos durante o Contestado (guerra conhecida como "guerra dos jagunços"). Bertulino fazia uso de armas, cavalos de raça e de seus cães de estimação- enormes buldogues-, por onde passava, era respeitado, nos vilarejos, avistava-se sua chegada, como se fosse um ritual, os cavalos enormes, alguns da raça inglesa e árabe, montados por aquele homem, com chapéu de aba larga, bombachas, botas lustradas, revólver na cintura e claro com os dois cães que eram parte de sua alma, de sua vida, de seu destino. 
   Respeitado por muitos, odiado por alguns, tornou-se político, empresário e fazendeiro, por muitas vezes enfrentou a fúria de pessoas que premeditavam traições e emboscadas... 
  Nos causos de muitos, principalmente de meu pai, as emboscadas surgiram depois que ele sofreu um atentado em um dos bailes de aniversário na região, num desentendimento, foi ferido por arma branca, mas socorrido a tempo, aquele ferimento não foi suficiente para impedir sua missão de vida. A fama de corpo fechado foi ganhando holofotes, após cada emboscada sem sucesso. Uma delas foi a fortíssima intuição que aquele homem possuía, pois certo dia resolve fazer uma viagem até a cidade próxima, como de costume levava um empregado de seu armazém para ajudá-lo a conduzir os cavalos atrelados à carroça, no caminho, seus inimigos sabiam dessa viagem, e perto de uma porteira espreitavam escondidos. Pouco antes de passar pelo local, Bertulino decidiu dar as rédeas dos animais ao companheiro de viagem e deitou em sua carroça para descansar, então passa pelo local da espera, sem que aparecesse na condução. A mira inimiga, confusa, sem saber o que fazer, simplesmente abandona o ato da fracassada emboscada. E foi assim que "o homem de corpo fechado", foi colecionando façanhas narradas de suas escapadas de mãos inimigas. Com o decorrer dos anos, Gertrudes envelheceu, se aposentou, e o deixou, indo embora. Tempos depois, meu avô conhece uma jovem muito bonita, chamada Alzira, vinda do Paraná, moça nova, que se tornou sua esposa e mãe de seus oito filhos, acompanhando a agitada vida e aventureiras rotinas daquele homem em solo caboclo. Em seu corpo experiente foram calejando cicatrizes das artimanhas traidoras, ecoando nos povoados, as feitas e as escapadas do poder das pessoas que o queriam morto. A morte não dava trégua e seguia destemida e traiçoeira os passos do dono daquele corpo blindado, e mais uma vez vem à espreita, e um dos últimos atos sofridos o aguardava. Bertulino e seu cunhado Manuel, estavam medindo uma roçada, perto de um caminho que unia duas colônias, e em voz alta, combinaram de ir a um velório no outro dia pelas oito da manhã, mal sabiam que dentre os arbustos existiam ouvidos atentos. No outro dia de manhã, os compadres, Manuel e Bertulino seguem ao caminho do velório, em exata oito horas da manhã, mas estavam acompanhados de um terceiro fiel companheiro, Guerreiro, um dos ilustres e estimado cão de guarda, quando o Buldogue toma a frente acoa em direção à mata, meu avô num impetuoso raciocínio, se joga atrás de um tronco de imbuia ( árvore nativa da região), e através de um oco da mesma, visualiza uma faceta rival, e num reflexo, atira com sua Winchester em punho, escuta uma apavorada correria e trocas de tiro, Manuel se esconde atrás de outras árvores e presencia aquela cena de West caboclo em pleno planalto norte do Sul do Br...

Autora: Edilaine Fernandes Corrêa


sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Sessão Solene Câmara de Vereadores

Sessão Solene em comemoração ao 110 anos do Coral Santa Cecília e entrega de título de Cidadã Honorária à Maria de Lourdes Brehmer. Câmara de Vereadores, 14 de setembro de 2023.












quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Pelo menos 63 entidades entre escolas, associações e organizações desfilaram na manhã desta quinta-feira, 7, na rua Vidal Ramos, centro de Canoinhas. O desfile marca as comemorações no Município em homenagem ao Dia da Independência e, também, pelo aniversário de 112 anos de emancipação político-administrativa de Canoinhas, que ocorre no dia 12 de setembro. Informações JMais





domingo, 3 de setembro de 2023