segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Incursão a Porto União e União da Vitória

 Um pouquinho da história e do patrimônio cultural regional


No dia 11/02/2023, sábado, por volta das 08h00min, partiram de Canoinhas/SC com destino a Porto União/SC e União da Vitória/PR, Fernando Tokarski, Roselis Carvalho Tokarski (Zeca), Fátima Santos e Diego Gudas. O objetivo da viagem consistiu em entrevistar Irene Loeffler Winter, canoinhense de nascimento e radicada há anos em União da Vitória, além de visitar locais que guardam relação com a história e o patrimônio cultural regionais.

No percurso, a equipe realizou a primeira parada na localidade da Lança (Porto União), local em que, às margens da rodovia BR 280, existe um antigo casarão, cujo frontispício indica o ano de 1937. O imóvel, localizado em frente à igreja católica, além da arquitetura aprimorada e da imponência de seu tamanho, possui uma bonita paisagem com campo verdejante, animais e árvores frondosas.

Dando continuidade à viagem, por volta das 10h30min, a equipe chegou à residência de Irene Loeffler Winter. Após uma cordial e hospitaleira recepção, Irene relatou inúmeros fatos de sua vida pessoal e familiar, os quais acabam por se misturar com a história de Canoinhas, Porto União e União da Vitória. Nascida em Canoinhas, no dia 26/11/1930, filha de Guilherme Loeffler e de Augusta Loeffler, Irene esbanja simpatia, inteligência e memória. 

Lembrando de sua infância, relatou que a partir dos quatro anos já fazia parte do grupo alemão de ginástica. O grupo realizava seus exercícios no campo que existia onde atualmente se localiza o antigo escritório da empresa Procopiak, no final da Rua Vidal Ramos, em Canoinhas. Além do relato, apresentou uma fotografia do grupo em atividade, ano de 1934.

Prosseguiu narrando sobre a época em que os barcos a vapor chegavam até a foz do Rio Água Verde (no Rio Canoinhas), onde atracavam para carregar erva-mate. Para ilustrar, exibiu a foto de uma lancha aportada no local, possivelmente da década de 1930. Além da lancha, mostrou a foto do barco a vapor Piraí, possivelmente, também em Canoinhas, na enchente de 1926. Prosseguiu o relato, contando sobre os banhos de rio: “nós íamos pelo trilho do trem até onde faziam tijolo, de lá a gente descia e já era perto do rio”. O local mencionado fica no Rio Canoinhas, nas proximidades de onde, atualmente, está a cerâmica Knop, na Rua 3 de Maio, Centro de Canoinhas. Era também pelos trilhos, cujo traçado era o das atuais ruas 3 de Maio e Wendelin Metzger, que nas tardes de domingo realizavam-se passeios de maria fumaça da estação de Canoinhas a Marcílio Dias, na companhia de amigos.

Recordando da família, Irene relatou que seu pai, Guilherme, foi o primeiro a ter um barco a motor. Com ele, a família, caracterizada de marinheiros, singrava as águas dos rios Canoinhas, Negro e Iguaçu para a realização de piqueniques, cujo cardápio incluía sanduíche, banana e ovo cozido. Em certa ocasião, após apanhar material para acampamento e alimentação, o pai de Irene, juntamente com ela e o irmão, Alfredo, saiu de barco de Canoinhas e navegou até a cidade de São Mateus do Sul/PR, onde pernoitaram para, no dia seguinte, retornar.

Uma interessante passagem diz respeito ao aeroclube de Porto União, do qual fez parte e onde tomou aulas aeronáuticas. Em certa ocasião, o avião utilizado pelo aeroclube passou por reformas na cidade de Blumenau/SC. De lá até Porto União, quem o trouxe pilotando foi Irene. Poucos dias depois, um dos alunos, ao tentar realizar uma manobra, acabou se acidentando, vindo a falecer juntamente com um amigo que o acompanhava. Além do fim trágico das duas existências, foi também o fim das aulas de avião “o fim do nosso sonho”.

Foram tantas as informações e tão ricas que não caberiam em alguns poucos parágrafos. Em vista disso, Irene gentilmente aceitou o convite para uma reportagem exclusiva a seu respeito ao Correio do Norte, a qual se materializará em breve.

Após a entrevista e uma breve pausa para almoço, a próxima etapa do itinerário consistiu em visitas a locais histórico-culturais, a fim de realizar a captura de imagens. O primeiro foi a igreja ucraniana de União da Vitória. Posteriormente, o casarão da família Amazonas Marcondes, também em União da Vitória. Este casarão foi a sede da fazenda Passo do Iguaçu, propriedade de Amazonas Marcondes de Araújo, pioneiro da navegação a vapor nos rios Iguaçu, Negro e seus tributários. Nele, residiu por muitos anos seu filho, Amazonas Marcondes Filho, restando, ainda, a sigla com as iniciais de seu nome. 

A viagem foi finalizada com uma parada junto à ponte de ferro que liga os dois estados, Paraná e Santa Catarina. Além da importância arquitetônica e econômica, unindo dois entes da federação, a ponte é parte do marco divisório entre os dois estados fruto do acordo de limites de 1916, responsável por encerrar a famosa questão do Contestado.

Texto escrito por Diego Gudas











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