Por Avany Dittrich Jürgensen
Certo dia ocorreu um acidente com um guarda
freios de um trem de carga e ele ficou muito machucado, necessitando ser
hospitalizado. Como sempre, prestativa, sabendo do sucedido, D. Tereza correu
em seu auxílio juntamente com seu filho Pedro e demais pessoas. Mas, como havia
carência de tudo para o socorro, em toda a redondeza, ela improvisou uma maca,
feita de lençóis e o acidentado foi transportado para Curitiba de trem, levando
um dia de viagem
Surgiu então a ideia, proposta por seu
filho Pedro de que se fizesse uma campanha para a construção de um hospital,
pois condoeu-se muito ante a visão de tão lamentável ocorrência e tanta falta
de recursos para minorá-las.
Dona Tereza, apoiando a ideia do filho,
levou avante seus propósitos. Transmitiu seu intento ao Dr. Oswaldo de
Oliveira, conceituado e conhecido médico da localidade, que acolheu com grande
satisfação a ideia, dando-lhe todo o apoio necessário.
Dirigiu-se às autoridades para solicitar
apoio, como também ao povo em geral e através da comunicação pessoa a pessoa,
convocaram-se reuniões e organizou-se uma diretoria. E o “ponta- pé” inicial
foi dado.
Dona Tereza, com a vasta relação de
amizades que conquistou em Curitiba, quando moradora daquela cidade, angariou
prendas valiosas e com o auxílio de um grupo de senhoras conseguiu realizar a
primeira festa em prol da construção do hospital. Inclusive doou as jóias de
família que possuia e que havia trazido da Itália. Angariavam donativos em toda
a redondeza e haviam muitas voluntárias abnegadas, dedicadas, suportando
canseiras, humilhações e chacotas, como soe acontecer em atividades deste
gênero. Não esmoreceram, porém.
Arrecadou-se uma boa quantia, falando-se em mais ou menos “Oito Contos
de Reis”. Mas
as coisas eram diferentes
de hoje e não sabe como, o montante
arrecadado encolheu e para nada serviu.
Por longo período a campanha
estacionou. Foi uma ducha fria em todo aquele entusiasmo.
Dona Tereza, após a morte de seu filho
Pedro, com 28 anos de idade, em 1932, querendo prestar-lhe uma homenagem e com
seu entusiasmo, reacendeu a campanha.
Iniciaram-se as festas e os donativos. Os
abnegados de bom coração se manifestaram e começou-se da estaca zero.
Organizaram-se festas, inclusive em Três
Barras e Marcílio Dias.
Dona Tereza através de seu guarda-livros, Sr.
Alfredo Lepper, de saudosa memória, redigia cartas a importantes indústrias de
São Paulo, como Matarazzo, conseguindo importantes e valiosos donativos,
inclusive ações e tecidos com os quais ela confeccionou os primeiros lençóis do
hospital.
Tendo conseguido a importância necessária,
deu-se início às obras da construção. O terreno fora doado pelo Sr. Victor
Soares, de saudosa memória e que Deus o recompense por tanta caridade,
abnegação e desprendimento.
Muita gente lutou e batalhou para tornar-se
realidade este sonho. Não há como citar os nomes de todos, mas Deus em sua
onisciência saberá recompensá – los devidamente.
E Canoinhas deve seu reconhecimento a todos,
não esquecendo do enorme benefício que já trouxe a tantos necessitados,
minorando os seus sofrimentos e trazendo-lhes esperanças.
Avany Dittrich Jürgensen, autora do texto (já falecida). |
Festa em benefício da construção do hospital, 1939. Dona Tereza Gobbi à esquerda. |
Quarto do hospital (enfermaria de pediatria). As imagens que aparecem na parede foram pintadas por José Ganem Filho . Fotos do acervo de Adaír Dittrich. |
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