quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

HISTÓRIA DA CAPELA SÃO JOSÉ DE PINHEIROS

       A construção desta capela foi terminada em 1930, pela comunidade da época. Não se tem a data definida (dia/mês) porque não existem registros. Neste sentido, os dados históricos são parte da história oral e depois do Livro Ata da Capela (1937) escrita pelos Freis da época que faziam as celebrações e visitas nas comunidades. A nossa capela já possui 86 anos de história e esta rumo aos seus 100 anos, daqui 14 em  2013. A doação do terreno pra construção desta capela foi doação de um dos moradores da época, o Sr. João Reichardt. A comunidade da época era formada por cerca de 50 famílias, de origens étnicas: alemã, polonesa e brasileira. Esta realidade social não mudou muito, hoje temos cerca de 70 famílias, e com as mesmas origens étnicas, só predominando mais a alemã. (Colônia Alemã); 90% alemã. Esta capela denominada de Capela “São José” de Pinheiros se dá também porque a comunidade da época da fundação era muito devota ao Santo São José, que pela história do cristianismo, foi um jovem carpinteiro escolhido por Deus, para ser o pai adotivo de Jesus Cristo e esposo de Maria. E Pinheiros, que é denominado o nome da nossa localidade, se dá não por causa da quantidade de pinheiros ou araucárias que temos aqui, mas, porque os primeiros moradores tinham o sobrenome de Pinheiros. Por isso, Capela São José de Pinheiros.
Esta capela tem uma história muito significativa, não apenas pela sua estética, sua arte, sua cultura, mas, principalmente, pela sua história de luta, de reconstrução. Esta capela foi totalmente destruída em 1959, pelo desastre natural que foi o tufão de 59, que arrancou a torre e as paredes da capela, como também pinheiros, casas, e causou muitas mortes tristes e trágicas aqui na região. Naquela época, como consta na própria ata, escrita por um dos freis, Arnaldo, que o caixa financeiro da comunidade estava zerado, a capela não tinha capital pra ser reconstruída. Então os moradores do lugar, se organizaram, e a reconstruíram novamente a capela, com muitas dificuldades, mas, lutaram pra vê-la de pé novamente, e isto, se dá pela força de vontade, fé e coragem deste povo. Doaram-se madeiras, materiais de construção, as serrarias da época também serraram sem custos, tudo pra poder reconstruir esta capela novamente. Por isso, esta capela é ainda mais bela, pela sua história de vida e de luta. Não só a capela foi construída ideologicamente por uma história de lutas, como também foi construção em um espaço geográfico também simbólico. No episódio da Guerra do Contestado, este espaço aqui onde estamos, foi uma das organizações do acampamento dos soldados da época, que se preparam para guerrear contra os caboclos/jagunços. Que inclusive, nesta época, esta localidade era um pouco isolada pelo tamanho das matas, que serviam de esconderijo para os jagunços assim denominados na época. Os poucos moradores que aqui viviam deixaram suas casas pra fugir do confronto da guerra, e os que permaneceram, infelizmente, foram mortos. E o confronto da guerra se realizou, onde hoje é o nosso campo de futebol.
Esta história referente ao contestado é contata pelas pessoas mais antigas aqui da nossa comunidade e é uma história desconhecida por falta de pelo menos um marco histórico que pudesse simbolizar esta história. Por esta razão, ficamos muito felizes de agora esta capela poder fazer parte de um roteiro de turismo, onde poderemos resgatar a nossa história, pesquisar mais, e principalmente conta-lá para toda a nossa sociedade. Este chão é marcado culturalmente, por história, por lutas, arte, ideologias religiosas e místicas como também são marcado pelo sangue de muitos que morreram em uma guerra completamente egoísta que se deu por interesses capitalistas e coronelistas de uma minoria que estava no poder sobre a maioria (povo).
Assim, como esta capela foi reconstruída materialmente e espiritualmente depois da destruição de 59, nós aqui do planalto norte, também precisamos reconstruir a nossa história, depois da Guerra do Contestado, sendo protagonistas de uma nova história a ser reconstruída como sujeitos e não vitimas de um processo egoísta e exploratório.
       Por fim, quero agradecer em nome da comissão e da nossa comunidade a visita de vocês, e cumprimentar o Marcelo Tokarski, pelo desempenho de trabalhar pelo turismo local/regional, como também de lutar pela nossa cultura histórica.
   
Escrito por Gislaine Friedrich

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